domingo, 24 de abril de 2016

Meu dia pintado à mão.

Era uma sexta-feira agradável, mas aquele amor passado parecia não ter ficado onde ele deveria estar.

Então ela decidiu que era hora de pôr em prática aquela tatuagem que adiava há anos.
Alguns dizem que momentos de dor não são bons momentos para grandes decisões como a que sua tatuagem implicava. Seria um dragão, não tão grande assim, mas também não servia para pequeno.
Ela olhou seu pulso e manteve a decisão tomada. Nele gravara o lema de vida que adotou: "vai com medo mesmo".
Tinha aberto mão de si diversas vezes, pensando em como os outros reagiram. Não com as opiniões em si, mas se estaria magoando seu pai, por exemplo.
Ela foi. Foi com tudo, sem pensar demais.
E então, ela estava lá deitada, passando por uma dor tremenda e segura do que estava fazendo.
Uma dor que quase a fazia desistir, mas foi até o fim.

Se pegou pensando que a dor da tatuagem nem se comparava a dor que estava no seu peito.
Como assim? E o tanto que ela se dedicou à ele? Que acreditou naquele relacionamento?
Simplesmente mostrar a pessoa que ela realmente não era importante soava tão cruel... Ainda mais quando ele quem a fez acreditar que valeria à pena.

Mas, sem muita enrolação, ele mostrou que aquela tinha sido só mais uma em sua vida.
Assim entendeu, já que ela não estava lá na mais nova comemoração dele.
Não estava lá mais uma vez, como em tantas outras vezes.
Era tudo tão recente e ela se sentia um lixo.
De escanteio.
O choro quis vir, estava aquela bola na garganta.
Ela o engoliu outra vez, não se permitiu chorar de novo.

Passados alguns dias, percebeu que engolir aquele choro, era então, a sua mais nova vitória.
Não por não chorar em si, mas se a dor era fraca suficiente para uma legítima chorona conseguir segurar as lágrimas, era porque a dor, por hora tão forte, estava diminuindo sua intensidade.

Então ela notou que o dia estava mais calmo. Não tão ensolarado como se encontrava na rua, mas nublado, invadindo-se por alguns raios solares como um céu é pintado à mão, naquela beleza pós tempestade.

Camila Mesquita

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